quarta-feira, agosto 27, 2025
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“Nação Ubuntu – A Voz dos Silenciados” mostra trabalho humanitário em campo de refugiados no Malaui

Impressionada com o trabalho social realizado pela ONG brasileira Fraternidade Sem Fronteiras, que conheceu de perto em sua primeira visita a Moçambique em 2015 e depois ao Malaui, em 2019, a produtora Iafa Britz, da Migdal Filmes, convidou o diretor e amigo Paulo Henrique Fontenelle para conhecer a iniciativa. Ele não só aceitou o convite como viu a oportunidade para um documentário. Em março de 2020, Iafa, Paulo, o diretor de fotografia Julio Cesar Siqueira e Andrei Moreira, diretor voluntário da ONG, passaram dez dias no campo Dzaleka e ficaram impactados com o projeto para educação desenvolvido por quatro refugiados que viviam neste campo – Maick, Prince, Feli e Frank – e a brasileira Clarissa Paz, que deixou o Brasil para se dedicar à missão humanitária no Malaui. O projeto, batizado de “Nação Ubuntu”, foi viabilizado pela ONG, fundada pelo ativista social Wagner Moura.

Ao chegar em Dzaleka, percebemos que havia uma história muito maior do que um projeto social: a trajetória de quatro refugiados, que no meio daquela crise humanitária e situação de extrema miséria, perceberam que só através da união conseguiriam proporcionar uma vida melhor para toda a comunidade”, conta Paulo. “Acredito que, além de emocionar com as histórias, esse projeto vai trazer para quem assiste também os valores de solidariedade e nos ensinar o quanto o amor e a cooperação entre as pessoas pode realizar coisas impossíveis.”, explica o diretor.

O documentário “Nação Ubuntu – A Voz dos Silenciados” mostra o contexto de crise humanitária no qual Maick, Prince, Feli e Frank estão inseridos, as condições precárias em que as pessoas vivem no campo de refugiados, impedidos de sair ou exercer profissões, sem documentação ou cidadania reconhecida, e sofrendo hostilidade dos moradores do Malaui. Além disso, o longa denuncia a crise em vários países da África, principalmente a República Democrática do Congo que se encontra numa guerra civil pouco noticiada mundialmente.

O trabalho do quarteto protagonista é um sopro de esperança numa realidade de extrema pobreza e limitação, que fortalecido pelos valores e pela rede da Fraternidade Sem Fronteiras, hoje agrega cerca de 1000 refugiados voluntários imbuídos da mesma missão. Através da ONG, foi comprado um terreno enorme junto ao campo para a construção de uma escola, que hoje recebe, aproximadamente, 1000 alunos de diversas faixas etárias, e a criação de diversas oficinas de trabalho, como o ateliê de costura, carpintaria e fabricação de biocarvão.

Devido à pandemia de COVID-19, a produção levou cinco anos para retornar e dar continuidade às filmagens, agora com uma equipe mais estruturada. Tanto na primeira etapa quanto na segunda, treinaram e contrataram refugiados para completar a equipe.

O filme conta também com a consultoria de Renato Noguera, escritor e estudioso da causa negra e da história da África. “Eu não conhecia o projeto Nação Ubuntu e fiquei entusiasmado com uma perspectiva de acolhimento cuidadosa e inspiradora. Por isso, a minha contribuição está em assegurar ainda mais cuidado durante o processo de produção, uma escuta atenta dos percursos de um projeto necessário, que pode reverberar por muitos corações interessados no princípio ubuntu de humanizar ainda mais os nossos encontros”, conta Noguera.

Resgatando os valores desta filosofia africana que valoriza o senso de comunidade, o projeto tem proporcionado expectativa de vida para essas pessoas. “Com a oportunidade de retornar cinco anos depois, pudemos observar que o projeto cresceu muito, a área destinada à educação se tornou muito maior, com escolas de artesanato, de costura, para fabricarem as próprias roupas, e até um coral. Há uma iniciativa dedicada somente às mulheres para trabalharem no campo, e retirá-las da violência e prostituição. Também pudemos acompanhar os desdobramentos nas vidas de nossos protagonistas que abraçaram a vocação para o trabalho social com refugiados. Mesmo tendo hoje direitos básicos como cidadãos garantidos, continuaram se dedicando a projetos que olham para essas pessoas que perderam tudo, pátria, casa, família, profissão”, conta a produtora Iafa Britz. “Nação Ubuntu – A Voz dos Silenciados” está em fase de pós-produção.

Saiba mais sobre a ONG Fraternidade Sem Fronteiras: https://www.fraternidadesemfronteiras.org.br/

Niedja Pantaleão
Niedja Pantaleão
Niedja é natural de Olinda, tem 36 anos. É fundadora e editora-chefe do site. Jornalista com 20 anos de carreira, apaixonada pela sétima arte e maratonista de séries. Desde criança, o rádio e televisão sempre foram suas companhias inseparáveis.
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