A Mondepars, marca fundada por Sasha Meneghel, apresenta sua nova coleção para o Inverno 2025, que propõe um olhar sofisticado e silencioso sobre o Brasil contemporâneo. Com referências ao design nacional e à ideia de uma elegância não óbvia, a coleção acende uma lanterna sobre algo maior: a possibilidade de sermos reconhecidos por muito mais do que os clichês culturais frequentemente associados ao Brasil. Ela é uma resposta estética e simbólica que desafia esses estereótipos.
Inspirada pelos códigos do mobiliário brasileiro, a coleção mergulha nas formas orgânicas e estruturas limpas que marcaram o modernismo dos anos 1960. Nomes como Jorge Zalszupin e sua icônica mesa Pétala são evocação direta e sensível da proposta criativa da marca nesta estação. Assim como esse capítulo do design nacional é celebrado mundo afora, a Mondepars reafirma que representar o Brasil significa revelar sua densidade silenciosa, sua inteligência construtiva e sua excelência feita à mão.
Na coleção para o Inverno 2025, a Mondepars solidifica seu repertório de códigos já estabelecidos, aprofundando pesquisas e atualizando formas por uma evolução silenciosa, mas impactante. A marca amplia seu vocabulário visual com um olhar minucioso para as cores: os tons terrosos ganham protagonismo com nuances de marrom, musgo e, pela primeira vez, variações de burgundy e avermelhados sutis — explorados como nuances e não como destaques explícitos.
A pesquisa têxtil alcança um novo patamar e é um dos pilares desta temporada. Cerca de 50% da coleção é composta por lãs cuidadosamente selecionadas, incluindo raras misturas com seda que conferem caimento excepcional às peças estruturadas. A inovação se expressa também nos processos e novas texturas: trançados executados com precisão milimétrica, resultado da combinação entre corte a laser e acabamento manual, que permitem efeitos inéditos de degradê em peças-chave.
Pela primeira vez, a marca apresenta sapatos próprios e peças em couro, além de acessórios que acompanham essa construção escultórica. A icônica bolsa Arraia ganha nova versão em camurça com detalhes trançados, enquanto a bolsa João é reinterpretada em formato trapezoidal, reforçando o espírito autoral da marca.
Nos tricôs, fibras naturais nobres como alpaca e baby alpaca peruanas oferecem textura, calor e sofisticação. O design das peças acompanha esse rigor: surgem novas modelagens de camisas duplas, trench coats com construção dupla e golas aplicadas também aos tricôs, sinal de um refinamento contínuo dentro dos códigos já conhecidos da Mondepars.
Com styling de Pedro Sales e direção criativa de Giovanni Bianco, o desfile também contou com uma colaboração especial com a marca Alexandre Birman, que assinou os sapatos femininos usados na passarela. O modelo Frenchie Pump clássico da marca em couro Nappa nas tonalidades Black, Cement e Rich Brown, escolhidas para dialogar com a paleta sóbria da coleção. A parceria reforça a sintonia entre as duas marcas, que compartilham valores como o design autoral, a valorização do feito à mão e uma visão refinada do feminino contemporâneo.
O Inverno 2025 é sobre permanência e profundidade. Uma resposta estética e simbólica que propõe um Brasil que é sofisticado, preciso e denso. E que merece ser visto também assim.
A coleção foi desfilada no Theatro Municipal de São Paulo, ao som da Orquestra Camerata Bachiana, regida pelo maestro João Carlos Martins. Em uma de suas últimas apresentações, o maestro emprestou sua sensibilidade ao desfile, reforçando o diálogo entre moda, música e cultura brasileira.