domingo, agosto 17, 2025
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Crítica – Juntos (2025) 

Em “Juntos” (Together), o terror nasce de uma metáfora física poderosa: um casal codependente vê sua união levada ao extremo literal após beber água de uma caverna, desencadeando uma fusão corporal e emocional impossível de separar. A partir daí, o filme transforma um relacionamento em crise num grotesco retrato da intimidade tóxica e da perda de identidade.

Atmosfera e tensão contida

Diferente de obras como “A Substância”, que mergulham no horror explícito, “Juntos” prefere uma abordagem mais contida e psicológica. A narrativa pode não chocar pela violência gráfica, mas instiga pela construção lenta do desconforto, pressionando o público até a beira do limite — um misto eficaz de suspense emocional e terror corporal.

Atuação: química real que transborda para a tela

A cumplicidade real entre Alison Brie e Dave Franco traduz-se em interpretações autênticas e repletas de nuances emocionais. A tensão no relacionamento, os momentos de afeto e os conflitos parecem orgânicos — reforçando a profundidade da perturbação a que são submetidos.

Em “Juntos”, Alison Brie e Dave Franco (que também são casados na vida real) entregam interpretações viscerais

Efeitos visuais e design de produção: ousado, mas dosado

O filme usa uma combinação de maquiagem, próteses e CGI para representar a fusão corporal de forma visualmente impactante — suficiente para incomodar sem recorrer à ultra violência gratuita. O design de produção cria espaços claustrofóbicos, reforçando a sensação de aprisionamento dentro e fora dos corpos dos personagens.

Ousar demais — ou não: polarização entre críticos

As reações à escolha estética de Juntos são divididas. Por um lado, há elogios à sutileza: o terror é mais psicológico e o roteiro evita sustos fáceis. Por outro, alguns consideram que o filme segurou demais — perdendo impacto pela ausência de cenas fisicamente perturbadoras intensas.

Polêmica nos bastidores

Embora a recepção crítica tenha sido na maioria positiva — com aclamação no Festival de Sundance e elogios por sua abordagem única do gênero — “Juntos” também enfrenta acusações de plágio. Um roteirista aliado à produtora StudioFest afirma que a trama espelha em demasia Better Half (2023), e um processo judicial está em curso.

Pontos fracos

Para quem busca horror extremo ou fisicalidade escancarada, pode parecer tímido ou contido. Alguns elementos (como conflitos pessoais de Tim) são introduzidos e acabados de forma superficial.

Balanço Final

“Juntos” é um horror corporal que afunda como uma amante possessiva: seduz com sua originalidade, desestabiliza com sua intimidade e lateja na mente mesmo após os créditos. Não é perfeito — mas é memorável, inquietante e, acima de tudo, ousado. Uma obra que questiona: até onde pode (ou deve) ir o “ficar juntos”? Se você aceita que o horror não precisa ser explosivo para machucar, este filme tem algo para você.

Niedja Pantaleão
Niedja Pantaleão
Niedja é natural de Olinda, tem 36 anos. É fundadora e editora-chefe do site. Jornalista com 20 anos de carreira, apaixonada pela sétima arte e maratonista de séries. Desde criança, o rádio e televisão sempre foram suas companhias inseparáveis.
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