quarta-feira, setembro 10, 2025
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Crítica – Invocação do Mal 4: O Último Ritual (2025)

Após mais de uma década acompanhando os casos do casal Ed e Lorraine Warren nas telas, Invocação do Mal 4: O Último Ritual chega como o suposto encerramento da franquia principal. Porém, em vez de entregar uma conclusão à altura do legado iniciado por James Wan em 2013, o filme se contenta em ser um epílogo preguiçoso, medíocre e excessivamente conveniente.

O roteiro parte de um dos relatos mais perturbadores da realidade, o caso da família Smurl, que enfrentou anos de experiências paranormais intensas. Mas, em vez de mergulhar de fato na complexidade e no horror dessa história, o filme transforma o episódio em uma muleta narrativa: ele existe apenas para justificar a presença dos Warrens, sem nunca nos permitir conhecer de verdade quem eram os Smurl ou por que seu drama foi tão marcante nos registros sobrenaturais. A família é tratada como figurante de luxo, deixando claro que o foco não está em seu sofrimento, mas na insistência de revisitar — de forma cada vez mais melosa — a história de amor de Ed e Lorraine.

Vera Farmiga e Mia Tomlinson como Lorraine e Judy Warren

Não que o vínculo entre os dois não seja um dos grandes trunfos da franquia. Desde o primeiro filme, a química entre Patrick Wilson e Vera Farmiga dá coração a uma série que poderia se resumir a sustos fáceis. O problema é que O Último Ritual força essa dinâmica até o limite, apostando no melodrama como substituto para uma narrativa sólida de terror. Em vez de tensão crescente, temos clichês reciclados, sustos previsíveis e diálogos que soam mais como fan service do que como desenvolvimento real.

Postêr: Divulgação/Warner Bros

A pior escolha, contudo, foi a insistência da Warner em entregar os dois últimos capítulos da saga nas mãos de Michael Chaves. Após o desastroso A Maldição da Chorona e o irregular Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, Chaves volta a mostrar sua incapacidade de criar atmosfera. Seu estilo se resume a truques visuais datados, sustos de impacto vazio e uma direção que não entende o peso da mitologia criada por Wan. O resultado é um filme sem identidade, que não assusta, não emociona e nem mesmo honra a trajetória dos personagens.

Como encerramento, Invocação do Mal 4 falha em todos os aspectos: não entrega um caso memorável, não desenvolve os personagens secundários e tampouco dá uma conclusão satisfatória aos protagonistas. Fica a sensação de que a franquia, que começou com frescor e criatividade, se esvaziou ao longo do tempo, vítima de escolhas apressadas e de um diretor incapaz de traduzir o terror para além da superfície.

No fim, O Último Ritual não é apenas um fechamento anticlimático para Ed e Lorraine Warren — é também um lembrete de como Hollywood, quando guiada mais pela conveniência do que pela inspiração, pode transformar uma saga brilhante em um ritual cansado.

Niedja Pantaleão
Niedja Pantaleão
Niedja, 36 anos, é natural de Olinda e fundadora do site, onde também atua como editora-chefe. Jornalista há 20 anos, tem no cinema uma de suas maiores paixões e é uma verdadeira maratonista de séries. Desde criança, rádio e televisão sempre fizeram parte da sua vida, alimentando a curiosidade e o entusiasmo que hoje se refletem em sua trajetória no jornalismo cultural.
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