Existe uma fórmula que nunca falha nas telas: a combinação entre beleza, perigo e vulnerabilidade. Quando esses elementos se encontram, o resultado é irresistível. Em “Estranho Jeito de Amar“, quem encarna essa equação é Gael. Interpretado por Rodrigo Tardelli, o personagem se tornou rapidamente o centro das atenções da série, justamente por transitar na fronteira incômoda entre atração e repulsa.
Gael é tóxico, controlador, manipulador. Mas também é intenso, apaixonado, cheio de contradições. É aquele vilão que o público ama odiar — e, ao mesmo tempo, odeia amar. Basta ele aparecer em cena para surgirem discussões inflamadas, teorias no Instagram, edições virais no TikTok e comentários que oscilam entre “insuportável” e “viciante”.

“Gael é desconfortável porque ele é real. Ele representa relações que muitas vezes a gente normaliza, chama de amor e não percebe o quanto podem ser destrutivas. Interpretar esse personagem é doloroso, mas necessário, porque coloca um espelho diante de quem já viveu ou ainda vive algo parecido”, afirma Tardelli.
Esse fascínio não acontece por acaso. A cultura pop está repleta de personagens que seguem esse mesmo arquétipo — de Joe Goldberg (You) a Damon Salvatore (The Vampire Diaries) e até Killmonger (Pantera Negra). Todos eles carregam o mesmo “pacote perigoso”: carisma, mistério e um passado marcado por dor. A crueldade, quando vestida de sedução, ganha nuances de empatia que confundem o espectador.
Com mais de 12 milhões de visualizações no YouTube e 22 indicações em festivais internacionais, “Estranho Jeito de Amar” brinca justamente com esse desconforto. Gael não é apenas o antagonista: ele é o reflexo de relações abusivas e tóxicas que muitas vezes se disfarçam de romance. A ficção, nesse caso, funciona como terreno seguro para encarar um incômodo real — e Gael é a personificação desse perigo envolto em charme.

“Estranho Jeito de Amar não é só entretenimento. É um espaço seguro para discutir assuntos que geralmente ficam em silêncio. A série deixa claro que amor não é controle nem manipulação. Ela envolve pelo drama, mas convida o público a refletir sobre os próprios relacionamentos”, diz Rodrigo.
E completa: “Cada debate, cada comentário mostra que estamos tocando em feridas importantes. Meu desejo é que as pessoas se reconheçam, se questionem e encontrem força para romper ciclos de abuso. Se a arte consegue provocar essa transformação, já valeu a entrega”.
No fim, sobra a mesma pergunta que ronda outros vilões irresistíveis da ficção: será que beleza redime crueldade? No caso de Gael, talvez a resposta não esteja no perdão — mas na impossibilidade de desviar os olhos.